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Banca: ACAFEDisciplina: PortuguêsAssunto: PontuaçãoSubassunto: Uso da VírgulaAno: 2024Orgão: Prefeitura de Lajeado Grande - SCProva: ACAFE - 2024 - Prefeitura de Lajeado Grande - SC - Contador
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O texto seguinte servirá de base para responder a questão.

Roupas-borboletas

Meu amigo Zé Klein jamais vestiu novamente o suéter preto que usou no enterro do pai. Ele o guarda há duas décadas como um sudário, gêmeo do pesar, enterrado na gaveta desde a data de falecimento.

É capaz de usar qualquer peça que foi do pai, mas não aquela que vestiu na despedida. Pois há vida na roupa do morto, enquanto a sua carrega apenas a morte.

É difícil ressignificar roupas após um adeus doloroso. Talvez porque, naquele momento, sentimos a alma nua. E, após enfrentar a angústia do velório, não queremos reviver os mesmos calafrios. Evitamos a roupa para não reencenar mentalmente o caixão baixando lentamente.

A muda de roupa é sacrificada. Deixa de aquecer e servir, tornando-se um tecido extinto.

Entendo o hábito de descartar o que usamos no dia de uma perda. Essas peças não guardam conexão com a saudade, mas simbolizam o fim. Saudade é preservar o que existia enquanto a pessoa vivia, não aquilo que marca sua ausência.

Meu primeiro presente para Beatriz foi o vestido que ela usou no enterro da mãe. Sabia que aquela peça teria um destino único e definitivo. O coração não permitiria que o traje ressuscitasse.

Aquele vestido era como uma borboleta rara, com a missão de sobrevoar por um único dia o jardim da ausência, embelezando a falta, trazendo brilho ao céu das perdas.

Imagino o orgulho de sua mãe, Clara, na outra dimensão. De alguma forma, ela deve ter visto sua filha vestida da fugacidade exuberante de uma borboleta, a mais linda entre todos os presentes.

Fabrício Carpinejar – Texto Adaptado

https://www.otempo.com.br/opiniao/fabricio-carpinejar/2024/11/22/roup as-borboletas

No trecho “Aquele vestido era como uma borboleta rara, com a missão de sobrevoar por um único dia o jardim da ausência, embelezando a falta, trazendo brilho ao céu das perdas.”, a pontuação é usada para organizar e dar ritmo ao texto. Sobre o uso da vírgula neste trecho, assinale a alternativa correta:

  • A

    As vírgulas indicam pausa estilística e subjetiva, sem seguir qualquer norma gramatical definida.

  • B

    As vírgulas são usadas para separar orações coordenadas e termos de mesma função sintática, como “embelezando a falta” e “trazendo brilho ao céu das perdas”.

  • C

    O uso de vírgulas para separar “como uma borboleta rara” do restante da frase é obrigatório, pois se trata de um aposto explicativo.

  • D

    A vírgula antes de “com a missão” está incorreta, pois não deveria separar o predicado do sujeito.